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Embora encerrado, o julgamento de Bruno, no caso Eliza Samudio, está dando
o que falar. Ele foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e 6 meses são em regime fechado, por
homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e uso de meio que
dificultou a defesa da vítima), cárcere privado e sequestro de Eliza e de
Bruninho e ocultação de cadáver. Boa parte da opinião pública, no entanto, não
parece satisfeita com a pena aplicada ao ex-goleiro. Para muitos, inclusive
especialistas, a pena deveria ser ampliada levando em consideração não apenas o
fato de ele ter sido o mandante do crime, mas também alguns aspectos de sua
personalidade.
Essa é a opinião do promotor de Justiça Henry Wagner
Vasconcelos de Castro que, em entrevista coletiva, declarou que vai recorrer da
decisão do Tribunal do Júri. Para ele, o ideal seria de 28 a 30 anos de
condenação. O jurista Luiz Flávio Gomes também considerou a pena muito
branda e acredita que o promotor terá boa chance de ganhar ao recorrer. Gomes é
adepto à mudança da Lei de Execução Penal quanto à progressão e defende o
aumento do tempo de regime fechado nos casos de crimes violentos e perversos.
O mais interessante é que grandes julgamentos sempre suscitaram
descontentamentos. Basta dar uma olhada nos casos mais recentes. Em
praticamente todos eles, a maioria se demonstrou insatisfeita quanto às penas
aplicadas. Aconteceu no caso Gil Rugai, em que o publicitário foi condenado a
33 anos e nove meses de prisão por duplo homicídio. Também no caso Nardoni,
cuja pena aplicada a Alexandre foi de 31 anos, um mês e 10 dias de reclusão,
enquanto Anna foi condenada a 26 anos e oito meses. Outro exemplo é o caso
Chico Lins, no qual o empresário Luciano Farah, mandante do crime, foi
condenado por homicídio qualificado a 21 anos e meio de prisão.
Em todos esses casos, foram dadas inúmeras sugestões de mudanças no
Código Penal e de alterações na estrutura da justiça brasileira. O problema é
que quando tudo parecia culminar em sérias reivindicações, o brasileiro, de
memória curta, acabou se distraindo com os carnavais da vida e agindo como se
tudo estivesse bem. Não será diferente no caso Eliza Samudio. Enquanto isso, a
justiça brasileira permanece soberba e ilesa no banco dos réus.
Alex Machado (1° sem. Jornalismo)
Alex Machado (1° sem. Jornalismo)