Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo |
Conta-se que numa escola diariamente
apareciam coisas irregulares: objetos fora de lugar, salas abertas, carteiras
nos corredores, pichações em
paredes. Em uma noite, o aluno foi flagrado pelo vigilante da
escola. No dia seguinte, entre as perguntas que o diretor da escola lhe fez,
estava esta: “Por que você só age durante a noite?” Ele respondeu: “À noite,
tudo é escuro e fica mais fácil para que eu não seja visto. Assim, não tenho
nenhuma responsabilidade”.
Parece que esta posição “cômoda” é a mesma
de deputados e senadores que são contrários ao voto aberto. Não querem porque
isso implica em assumir perante o país a responsabilidade que têm como
representantes do povo. Acir Gurgacz (PDT-RO), afirmou: "O voto secreto é
um subterfúgio que esconde o posicionamento do parlamentar em temas de
interesse da população que ele representa, portanto tem que acabar".
Dizem que num contexto democrático as
coisas devem ter mais transparência. Na vida pública, aqueles que são eleitos
pelo povo para determinadas funções precisam lembrar que têm responsabilidades
e obrigações. Se foram eleitos de forma pública, devem na mesma proporção,
assumir publicamente seus deveres e posições perante o país. Ângela Portela
(PT-RR) fez uma afirmação relevante: "Posiciono-me pelo voto aberto em
todas e quaisquer circunstâncias. Compreendo que a simples lógica da democracia
exige que os eleitores, que nos confiaram o mandato, saibam como votamos em
todas as matérias a nós submetidas. A transparência, que constitui um valor em
si, traz consigo elemento ainda mais positivo, que é a possibilidade de
estabelecer relação muito mais próxima entre representante e
representado".
A omissão é um elemento que caracteriza a
muitos parlamentares. Para muitos, a posição “em cima do muro” tem sido cômoda.
Não admira as centenas de projetos que não saem do papel e, muito menos, das
gavetas.
No Brasil, se cidadãos são chamados a
responder por suas responsabilidades de forma pública, por que não os
parlamentares?
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