terça-feira, 10 de setembro de 2013

No Brasil, voto secreto parece ser combustível que alimenta a omissão e a irresponsabilidade entre os parlamentares

   Voto aberto

Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
    Conta-se que numa escola diariamente apareciam coisas irregulares: objetos fora de lugar, salas abertas, carteiras nos corredores, pichações em paredes. Em uma noite, o aluno foi flagrado pelo vigilante da escola. No dia seguinte, entre as perguntas que o diretor da escola lhe fez, estava esta: “Por que você só age durante a noite?” Ele respondeu: “À noite, tudo é escuro e fica mais fácil para que eu não seja visto. Assim, não tenho nenhuma responsabilidade”.
    Parece que esta posição “cômoda” é a mesma de deputados e senadores que são contrários ao voto aberto. Não querem porque isso implica em assumir perante o país a responsabilidade que têm como representantes do povo. Acir Gurgacz (PDT-RO), afirmou: "O voto secreto é um subterfúgio que esconde o posicionamento do parlamentar em temas de interesse da população que ele representa, portanto tem que acabar".
    Dizem que num contexto democrático as coisas devem ter mais transparência. Na vida pública, aqueles que são eleitos pelo povo para determinadas funções precisam lembrar que têm responsabilidades e obrigações. Se foram eleitos de forma pública, devem na mesma proporção, assumir publicamente seus deveres e posições perante o país. Ângela Portela (PT-RR) fez uma afirmação relevante: "Posiciono-me pelo voto aberto em todas e quaisquer circunstâncias. Compreendo que a simples lógica da democracia exige que os eleitores, que nos confiaram o mandato, saibam como votamos em todas as matérias a nós submetidas. A transparência, que constitui um valor em si, traz consigo elemento ainda mais positivo, que é a possibilidade de estabelecer relação muito mais próxima entre representante e representado".
    A omissão é um elemento que caracteriza a muitos parlamentares. Para muitos, a posição “em cima do muro” tem sido cômoda. Não admira as centenas de projetos que não saem do papel e, muito menos, das gavetas.

    No Brasil, se cidadãos são chamados a responder por suas responsabilidades de forma pública, por que não os parlamentares?

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