Será
que é mais uma em meio a tantas?
Editora Veja |
“Quando
perdermos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra
outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos
civilizados”. Essa foi uma declaração
profundamente significativa de Vladimir Herzog, jornalista, assassinado em 1975
durante a ditadura militar. Herzog fez essa declaração num contexto de
repressão militar, quando pessoas eram presas, maltratadas e mortas. Ele também
foi vítima do sistema que imperava na época.
Diariamente, estamos lidando com uma
sociedade que procura manter o nível da desigualdade que impera entre as
classes sociais. É muito comum ouvirmos a frase: “Isso só acontece na
televisão”. Geralmente, as pessoas que pronunciam essa frase fazem referência aos
latrocínios, sequestros e tragédias que chamam a atenção. A verdade é que os fatos estão acontecendo a
cada segundo do dia e da noite. Qual tem sido a reação da sociedade? Para
investigar violações dos direitos humanos de 1946 a 1988 foi criada uma
comissão cujos componentes são nomeados pela Presidente da República, Dilma
Rousseff. Essa comissão recebeu o nome de Comissão Nacional de Verdade. Embora
ela não tenha caráter executivo, se propõe ser um auxílio nos processos
investigativos que visam ajudar familiares de desaparecidos durante a ditadura.
O Brasil também é conhecido como o país das
comissões. E haja comissão! Parece que se tornou um vício, principalmente
aquelas que são formadas para “apurar”. Certa vez, alguém disse: “É muita
comissão para não resolver nada.” Diante dos fatos diários, é fundamental que
haja uma reação repulsiva da sociedade. A violência doméstica, a corrupção de
autoridades em todos os níveis e segmentos, a criminalidade nas ruas e nas
escolas rompem com os limites das chamadas “comissões”.
É necessário que haja uma reflexão mais
profunda por parte da sociedade brasileira. Os projetos precisam sair do papel
e das gavetas. A sociedade necessita reagir com bom senso e critério a fim de
fazer prevalecer, como disse Herzog: “o direito de nos considerarmos seres
humanos civilizados”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário