domingo, 19 de maio de 2013

Violência nas escolas






 Parece que estamos lidando apenas com a ponta do iceberg

Um assunto que tem sido manchete no Brasil e, possivelmente, no mundo é a violência nas escolas. Isso tem preocupado pais, professores e autoridades. A cada dia cresce o índice de violência nas salas de aula. Estudos dizem que de cada dez professores, quatro já sofreram algum tipo de agressão. A verbal é a mais comum. Depois, vêm assédio moral, bullying, agressão física, discriminação e furto.
Diante desse fato, algumas questões são relevantes para discussão: qual tem sido o significado da escola? Qual é a visão que os adolescentes e jovens têm da escola? O que é estranho é que a escola é um dos lugares para a formação dos alunos e, lamentavelmente, é lá que a violência tem sido cada vez mais intensa. O que tem provocado essa realidade? É provável que alguns fatores contribuam para isso. Renato Meireles, diretor do Data Popular, afirma: “Salas superlotadas, escolas mal iluminadas, escolas que não abrem no final de semana acabam criando um ambiente mais propício a essa violência”.
Quando se faz uma leitura mais crítica, percebe-se que essa realidade é reflexo de outra: a família. Educação é um processo que envolve três instituições: a família, a igreja (da perspectiva ética e não meramente religiosa) e a escola. O processo educacional do ser humano começa na família. É lá que são lançados os primeiros fundamentos para a formação do homem.
Nesse contexto, a sociedade brasileira presencia uma verdadeira transferência de papeis, ou seja, a família tem transferido para a escola e para a igreja a responsabilidade que, em primeira instância, lhe pertence. Essas instituições se constituem no triângulo educacional cujo objetivo é formar bons cidadãos para a sociedade. Nesse processo, cada uma delas dá sua parcela de contribuição. Entretanto, não se pode falar de educação sem que o fator exemplo esteja presente. Como diz o adágio popular: “As palavras convencem, mas os exemplos arrastam.”
De fato, essa geração de adolescentes e jovens em formação precisa de referenciais. Até porque o futuro da sociedade pode estar se configurando neles. Assim, podemos visualizar os futuros líderes (juízes, mestres, legisladores) da nação.  Que exemplos eles têm visto na família? Na igreja? E na própria escola? Augusto Cury diz: “Um professor influencia mais a personalidade dos alunos pelo que é do que pelo que sabe”.
Lamentavelmente, a sociedade brasileira vivencia os males provocados pelos escândalos nos segmentos políticos, religiosos e sociais. Será que isso tem exercido influência no processo de formação de adolescentes e jovens? Estaria sendo a violência nas escolas um reflexo dessa falta de paradigma para essa geração nascente? Será que não é hora de “fecharmos” as escolas para um balanço e ver quais os rumos que a nossa educação tem tomado?
Por outro lado, os tempos modernos têm demonstrado que o conceito de educação ficou restrito apenas à transmissão de informação e conhecimento acadêmico. É evidente que tudo isso tem a sua importância. Mas é bom lembrar que a verdadeira educação vai além de um mero curso de estudos. Ela visa formar o ser humano como um todo, ou seja, seu aspecto físico, intelectual e, porque não dizer, espiritual. Os escândalos na vida de muitos profissionais competentíssimos do ponto de vista técnico e acadêmico parecem comprovar a tese de que a educação vai além de um currículo escolar.
Portanto, a violência nas escolas parece ser apenas a ponta do iceberg. Há algo mais profundo que demanda urgência na busca de uma solução.

Nerivan Silva é aluno do curso de Jornalismo no Ceunsp.

Nenhum comentário:

Postar um comentário