Parece
que estamos lidando apenas com a ponta do iceberg
Um
assunto que tem sido manchete no Brasil e, possivelmente, no mundo é a
violência nas escolas. Isso tem preocupado pais, professores e autoridades. A
cada dia cresce o índice de violência nas salas de aula. Estudos dizem que de
cada dez professores, quatro já sofreram algum tipo de agressão. A verbal é a
mais comum. Depois, vêm assédio moral, bullying, agressão física, discriminação
e furto.
Diante
desse fato, algumas questões são relevantes para discussão: qual tem sido o
significado da escola? Qual é a visão que os adolescentes e jovens têm da
escola? O que é estranho é que a escola é um dos lugares para a formação dos
alunos e, lamentavelmente, é lá que a violência tem sido cada vez mais intensa.
O que tem provocado essa realidade? É provável que alguns fatores contribuam
para isso. Renato Meireles, diretor do Data Popular, afirma: “Salas
superlotadas, escolas mal iluminadas, escolas que não abrem no final de semana
acabam criando um ambiente mais propício a essa violência”.
Quando se
faz uma leitura mais crítica, percebe-se que essa realidade é reflexo de outra:
a família. Educação é um processo que envolve três instituições: a família, a
igreja (da perspectiva ética e não meramente religiosa) e a escola. O processo
educacional do ser humano começa na família. É lá que são lançados os primeiros
fundamentos para a formação do homem.
Nesse
contexto, a sociedade brasileira presencia uma verdadeira transferência de
papeis, ou seja, a família tem transferido para a escola e para a igreja a
responsabilidade que, em primeira instância, lhe pertence. Essas instituições se
constituem no triângulo educacional cujo objetivo é formar bons cidadãos para a
sociedade. Nesse processo, cada uma delas dá sua parcela de contribuição. Entretanto,
não se pode falar de educação sem que o fator exemplo esteja presente. Como diz
o adágio popular: “As palavras convencem, mas os exemplos arrastam.”
De fato, essa
geração de adolescentes e jovens em formação precisa de referenciais. Até
porque o
futuro da sociedade pode estar se configurando neles. Assim, podemos
visualizar os futuros líderes (juízes, mestres, legisladores) da nação. Que exemplos eles têm visto na família? Na
igreja? E na própria escola? Augusto Cury diz: “Um professor influencia mais a
personalidade dos alunos pelo que é do que pelo que sabe”.
Lamentavelmente,
a sociedade brasileira vivencia os males provocados pelos escândalos nos
segmentos políticos, religiosos e sociais. Será que isso tem exercido
influência no processo de formação de adolescentes e jovens? Estaria sendo a
violência nas escolas um reflexo dessa falta de paradigma para essa geração
nascente? Será que não é hora de “fecharmos” as escolas para um balanço e ver
quais os rumos que a nossa educação tem tomado?
Por
outro lado, os tempos modernos têm demonstrado que o conceito de educação ficou
restrito apenas à transmissão de informação e conhecimento acadêmico. É
evidente que tudo isso tem a sua importância. Mas é bom lembrar que a verdadeira
educação vai além de um mero
curso de estudos. Ela visa formar o ser
humano como um todo, ou seja, seu aspecto físico, intelectual e, porque não
dizer, espiritual. Os escândalos na vida de muitos profissionais competentíssimos
do ponto de vista técnico e acadêmico parecem comprovar a tese de que a
educação vai além de um currículo escolar.
Portanto, a violência nas
escolas parece ser apenas a ponta do iceberg. Há algo mais profundo que demanda
urgência na busca de uma solução.
Nerivan Silva é aluno do curso de Jornalismo no Ceunsp.
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